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Milei mantém silêncio diante de caso de corrupção envolvendo Agência para deficientes



Um escândalo de corrupção envolvendo a Agência Nacional para a Deficiência tem abalado os argentinos nos últimos dias. O caso surge a 11 dias das eleições na província de Buenos Aires – que concentra cerca de 40% do eleitorado nacional - e a dois meses das eleições legislativas. A denúncia implica diretamente Karina, irmã do presidente Milei, que teria conhecimento do esquema. Segundo as acusações, recursos do orçamento destinados às pessoas com deficiência teriam sido desviados, o que gerou forte indignação popular num momento em que os cortes nos auxílios e na prestação de serviços de Saúde aos deficientes mobilizam a população e o Congresso contra o governo Milei.

Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

A Justiça argentina investiga o conteúdo de gravações nas quais o então diretor da Agência para a Deficiência, Diego Spagnuolo, relata os detalhes de um mecanismo de corrupção, por meio de medicamentos para as pessoas com deficiência.

O esquema de propina seria liderado pela irmã do presidente Javier Milei, Karina Milei, secretária-geral da Presidência, e pelo assessor presidencial Eduardo “Lule” Menem, sobrinho do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), cujo mandato foi marcado por casos de corrupção.

Spagnuolo foi gravado ao detalhar a existência de uma rede de arrecadação ilegal de dinheiro da qual o presidente Javier Milei teria conhecimento porque o próprio Spagnuolo lhe teria contado como advertência.

O esquema estaria concentrado na empresa Suizo Argentina, que comercializava medicamentos. Essa empresa comandada por dois irmãos, os Kovalivker, seria a intermediária entre os laboratórios e a Agência de Deficiência.

Desde dezembro de 2023, quando Milei assumiu, os contratos públicos com a Suizo Argentina aumentaram em 2.678%.

A Justiça pegou um dos irmãos mencionados nas gravações, Emmanuel Kovalivker, fugindo de casa num carro com 266 mil dólares, além de 7 milhões de pesos argentinos em dinheiro. O montante estava em sete envelopes que seriam distribuídos.

O outro irmão, Jonathan Kovalivker, conseguiu fugir de casa antes, mas, na pressa, deixou uma caixa-forte aberta e, no chão, elásticos para envolver maços de dinheiro.

Na casa do então diretor da Agência de Deficiência foi encontrada uma máquina de contar cédulas.

Segundo as gravações, 8% do valor de todos os medicamentos era desviado para o esquema comandado pela cúpula do poder.

Gravações explosivas

Os áudios apresentam cortes evidentes, indicando terem sido editados. Parecem ter ocorrido num local público, pois é possível ouvir o som de talheres, como se duas pessoas conversassem num café. Só aparece a voz do acusado, sendo omitida a de com quem ele conversava.

Nessa conversa, há dois momentos considerados mais importantes. Um no qual o então diretor da Agência, Diego Spagnuolo, explica que a porcentagem de propina de 5%, cobrada no governo anterior, tinha aumentado no governo Milei para 8% e que Karina Milei “seguramente deve levar 3% ou 4%”.

Outro momento importante é quando Diego Spagnuolo diz ao presidente Milei que “enquanto o governo denunciava corrupção, estava roubando”.

“Eu fui e lhe disse: Javier, ouça, eu estou denunciando todo o roubo e tenho gente que me pede dinheiro”, contou. E prosseguiu: “Eu falei com o presidente. Não corrigiram nada. Disse-lhes: estão roubando. Você não pode se fazer de bobo comigo”.

A partir da divulgação dos áudios por meio da imprensa, Milei demitiu Spagnuolo há uma semana.

Silêncio presidencial

O presidente Milei, eleito sob a promessa de combater a “casta corrupta”, não tocou no assunto diretamente. No entanto, em discursos, indicou qual será a estratégia do governo: dizer que os áudios são uma manobra política da oposição diante da proximidade das eleições.

Milei não negou a veracidade das gravações. Ninguém o fez, uma semana depois. Em um momento de improviso,


Published on 1 day, 8 hours ago






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