Podcast Episode Details

Back to Podcast Episodes

Candidato inesperado surpreende na Bolívia e corre com vantagem num inédito segundo turno



Pela primeira vez na história, as eleições na Bolívia terão um segundo turno. E, também de forma inédita em duas décadas, o partido de esquerda Movimento Ao Socialismo (MAS), anteriormente liderado por Evo Morales, ficou de fora da disputa presidencial e não terá representantes no Congresso – um marco no cenário político boliviano. Quem surpreendeu foi o azarão Rodrigo Paz Pereira, não detectado pelas pesquisas eleitorais e agora favorito para o segundo turno.

Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

Se antes as pesquisas de intenção de voto apontavam para uma disputa em um inédito segundo turno entre a direita e a centro-direita, o resultado das urnas indica uma disputa entre a direita e o centro. Alguns analistas colocam esse embate até entre a direita e a centro-esquerda.

“Estamos diante de um novo cenário político na Bolívia. Não apenas acabou a hegemonia do MAS, mas também vemos que os elementos clássicos de uma polarização têm agora menor peso. Isso faz com que este segundo turno, inédito na história do país, seja também inédito por não haver um choque entre duas visões ideológicas antagônicas, como aconteceu ao longo dos últimos 20 anos. O que parece estar em jogo é o que trouxe Paz Pereira até aqui: o desejo de boa parte dos eleitores por uma renovação na política”, aponta o analista político Gustavo Pedraza.

“A origem desse resultado surpreendente está na vontade do povo boliviano de uma renovação”, sublinha.

O grande e inesperado protagonista da jornada foi Rodrigo Paz Pereira, um candidato do centro político que já militou na centro-esquerda da social-democracia. Aliás, o pai de Rodrigo, o ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989–1993), fundou o Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), inscrito na Internacional Socialista, e organizou a resistência ao regime militar do ex-general Hugo Banzer (1971–1978).

Rodrigo Paz Pereira foi o mais votado, para surpresa geral da nação, inclusive dele próprio. As pesquisas indicavam menos de 10% das intenções de voto.

Os especialistas indicam que o crescimento de Rodrigo Paz Pereira aconteceu graças às dificuldades que as pesquisas têm para medir o voto rural e indígena, e também aos indecisos que deixaram para decidir na última semana e escolheram uma renovação.

“É uma grande surpresa. Por mais que se percebesse um crescimento da candidatura de Rodrigo Paz, ninguém podia imaginar esse nível em apenas dez dias. Há dois meses, ele tinha 4%. Na última medição, 8%. Até ele mesmo deve ter ficado surpreso”, acredita o analista político Luis Fernando Castedo, ex-porta-voz do Tribunal Eleitoral.

Outra explicação é que os eleitores abandonaram a esquerda, mas não queriam uma opção rupturista. Paz Pereira é visto como um moderado que não busca vingança contra o passado, mas sim a união nacional.

“Boa parte dos que votaram em Rodrigo Paz são eleitores órfãos que antes votavam no MAS. Optaram agora por um candidato diferente, com traços de ‘outsider’ da política. Uma renovação que possa ser uma ponte. Identificaram nele a vontade de conciliação, de pacificar o país. Então, os indecisos (15%) inclinaram essa balança”, avalia Gustavo Pedraza.

Evo Morales é o grande perdedor

O grande derrotado foi o partido Movimento ao Socialismo, antes liderado pelo ex-presidente Evo Morales. O partido ficou com 3,1% dos votos, pouco acima dos 3% necessários para manter o registro.

O outro grande derrotado foi o próprio ex-presidente Evo Morales. Inelegível, Morales promoveu o voto nulo, que acabou em quarto lugar com 19,3% dos votos, quando historicamente ficava c


Published on 1 week, 3 days ago






If you like Podbriefly.com, please consider donating to support the ongoing development.

Donate